Computadores fazem arte – Inteligência Artificial 30 anos depois do clássico de Nação Zumbi

Embora cada vez mais comuns e rotineiras, as conversas a respeito de Inteligência Artificial e a produção humana, seus riscos e vantagens não são, de toda sorte, novas.

Vale apenas a lembrança de que o modelo de “Inteligência Artificial Generativa” não é assunto exatamente novo. Já em 1994, o histórico e vanguardista álbum “Da Lama ao Caos” já trazia a faixa “Computadores fazem arte”, com uma capa para lá de provocativa.

A faixa afirmava “computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro”.

Hoje computadores fazem postagens, inundam as buscas com textos inúteis e, segundo o cientista brasileiro Miguel Nicolelis, também podem estar afetando o desenvolvimento intelectual da humanidade (estudos mostram que até o vocabulário médio usado pelas pessoas tem diminuído).

O neurocientista brasileiro defende em seu livro “O Verdadeiro criador de tudo – Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós conhecemos” que o digital não é, nem será, capaz de reproduzir os processos mentais humanos.

Antes dele – e muito antes de Chico Science e da Nação Zumbi – em 1969 Gilberto Gil já afirmava “Só eu posso pensar se Deus existe, só eu (…) cérebro eletrônico nenhum me dá socorro para meu caminho inevitável para a morte”.

Não se pode, por outro lado, negar as vantagens para a humanidade de sistemas como esses. Inúmeros hospitais mundo afora já utilizam essa “inteligência” para fins de diagnóstico, com precisão impressionante.

A questão, como tudo, é o cálculo do ROI, como gostam os Faria Limers. O retorno do investimento de empregos, destruição de bens naturais e o gasto irrefreável de recursos esgotáveis deveria ser compensado com o bem-estar dos seres humanos.

É possível caminharmos lado a lado com esta tecnologia em um mundo onde a sustentabilidade são tão urgentes? A história, no entanto, nos deixa um pouco mais pessimistas a esse respeito.

É claro que o potencial destrutivo é cada vez maior. Para se ter uma ideia, estudos recentes demonstram que a manutenção dos servidores de IA, em dois anos, será equivalente ao que todo o Brasil tem de gasto energético. E o estudo não leva em conta as recentes adições destes sistemas aos celulares de todas as marcas (Android está inserindo a Gemini e a Apple está inserindo o ChatGPT); a tendência é que os gastos com energia elétrica sigam crescendo.

Além disso, o gasto com água para resfriamento destes servidores e de recursos minerais para construção de chips também são bastante relevantes. Isto sem falar do lixo eletrônico que cresce na mesma proporção em que a tecnologia avança.

Do ponto de vista econômico é impossível não pensar que o Brasil pode ser competitivo em atrair esses servidores, uma vez que poucos países têm o potencial energético de matrizes renováveis como o nosso. Idealmente esta atração deveria vir com algum aprendizado tecnológico, embora pessoalmente eu acredite muito pouco nesta hipótese.

Algum algoritmo poderia resolver essa questão? Saberemos – ou não – em alguns anos.

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